Wednesday, August 09, 2006

finalmente!!

Finalmente e a pedido de várias famílias, aqui está o exito do homem:



Monday, August 07, 2006

Entrevista de Cid ao Blitz
















José Cid, O Cantor Que Veio do Espaço
Presença teimosa na paisagem musical das últimas décadas, José Cid é um paradoxo capaz do melhor e do pior, como o próprio admite. Parte importante do cancioneiro que o imaginário de todos os que cresceram nos anos 70 e 80 guarda à força é seu. Esse é o José Cid das massas. mas há outro José Cid, que tem vindo a ser redescoberto por uma nova geração. É à porta desse que batemos.

Meio a sério, meio a brincar, José Cid identifica uma nova geração de fãs que o idolatram por causa de canções como «A Cabana Junto à Praia» ou «Como o Macaco Gosta de Banana»: «Imagino que tenham sofrido muito quando pequenos», especula o cantor. «Os pais deviam dizer--lhes coisas horríveis como “ou comes a sopa ou obrigo-te a ouvir o “Como o Macaco Gosta de Banana”…” E a verdade é que alguns eram teimosos e não comiam.
Essas canções devem ter ficado gravadas tão fundo na sua memória que hoje não querem outra coisa». É verdade. Antes das rádios normalizadas e da Internet e dos canais de cabo ao alcance do telecomando, havia um país rendido ao nacional cançonetismo e José Cid era um dos seus reis incontestáveis. E, em abono da verdade, esse é o José Cid que a maior parte dos portugueses conhece – o de «Amar Como Jesus Amou» e d’«A Festa do Zé» e de macacos, bananas, Anitas e reis aniversariantes. Mas há outro. Ou melhor, o mesmo José Cid, dono de uma incoerência estética extrema – «coerente era a minha avó», não se cansa ele de repetir ao longo da entrevista –, gravou algumas obras-primas que o tempo quase esqueceu, mas que são a real prova do seu talento. Coisas que ainda estão por reeditar ou, como ele próprio gosta de dizer, que se encontram «silenciadas».
A BLITZ, qual nau dos livros de história, partiu à descoberta desse imenso continente habitado por canções com nomes como «No Tempo em que o Toninho Lanchava com os Amigos na Pastelaria de S. Bento» ou «Doce e Fácil Reino do Blá Blá Blá». E descobriu alguma coisa – descobriu um homem orgulhoso do seu passado mas ainda assim muito preocupado com o presente.

São vários os projectos em que José Cid se encontra a trabalhar, incluindo um álbum que é uma espécie de tributo em que se vai encontrar com uma série de nomes da nova geração. E há mais. Este homem, que foi um ídolo dos tempos em que o vinil era o formato dominante da indústria, não se esquece de onde veio e está prestes a lançar uma etiqueta própria que se chamará, nem de propósito, Vinil: «Sinceramente, não estava a contar com isto, com estas propostas. Antes disto o cenário que eu via passava por ter a minha própria “label” para editar os meus discos e outros projectos que possa considerar criativos e interessantes. O nome da “label” já está registado – Vinil! Todos os nossos CDs vão ter um arranjo gráfico que remete para as capas de vinil e todos começarão com o som típico do “fritado” do vinil». E, no âmbito desse projecto editorial, já está preparado um disco de originais – «para sair só depois do disco de homenagem» – onde se incluem também duas versões: «Topo de Gama», dos Clã, e «Strawberry Fields Forever». «Há 40 anos que queria gravar essa música dos Beatles», confidencia.

CID e os anos 70
De um ponto de vista artístico, José Cid cumpriu os anos 70 de forma quase imaculada – e risque-se o «quase» se se quiser ignorar o facto de, paralelamente às obras-primas, este homem não se ter cansado de concorrer ao Festival Eurovisão da Canção, carreira bem documentada em uma série de singles.
José Cid abriu a década com o fabuloso primeiro álbum do Quarteto 1111, editado em Janeiro de 1970 e «proibido pela censura política»; aventurou-se a solo com um disco em que, como Stevie Wonder gostava de fazer, tocou todos os instrumentos sozinho – José Cid –, despediu-se do Quarteto em 1975 com o enorme Onde Quando Como e Porquê Cantamos Pessoas Vivas e, em 1978, lançou aquele que os especialistas apontam como um dos melhores discos de rock progressivo de sempre, o mítico 10,000 Anos Depois entre Vénus e Marte. A obra de Cid nesta fase é imensa: «Entre as coisas do Quarteto e as que gravei a solo, deixei cerca de 300 músicas na Valentim de Carvalho, até para aí 1975. Só que muitas dessas músicas, muitos desses discos, foram completamente silenciados».

CID e a EUROPA
«Houve alguém, que não eu, que afirmou que o Quarteto 1111, pela sua obra, foi a melhor banda de pop-rock da Europa Continental. Porque éramos muito mais ousados, porque fomos muito silenciados e sobretudo porque éramos muito avançados para a época. Nem a Espanha, nem a França, nem a Itália, nem a Alemanha ou outros países da Europa Continental tinham bandas assim. E seria interessante que nós, os portugueses, percebêssemos isso. Sim, toda a gente conhece a “Lenda D’El Rei D. Sebastião”, mas essa é apenas a ponta do iceberg. Há muito mais». Há coisas dispersas por diversas edições, algumas lançadas sob a forma de EPs, outras escondidas envergonhadamente no lado B de singles desenhados para Festivais que, inexplicavelmente, teimam em não ver a luz do dia – numa época em que se reeditam tantas coisas ridículas, «incluindo as minhas», afirma peremptoriamente José Cid, interrompendo a lamentação. «Sim é verdade. Nunca fui coerente e gravei coisas boas e coisas más. Mas o meu muito bom é do melhor que se faz na música popular portuguesa desde sempre. E o meu muito mau é, de qualquer forma, melhor do que o óptimo do Tony Carreira».
E assim se arruma o assunto.
Voltando às obras «perdidas»: «Há o primeiro álbum do Quarteto 1111, que, em Janeiro de 1970, foi silenciado pela censura política e que é a primeira obra conceptual do rock português. Esse álbum foi reeditado mas praticamente em silêncio. É um disco complicado, porque aborda os problemas da emigração e do colonialismo. Há outra coisa interessante nesse álbum: a primeira versão publicada do tema “Trovas do Vento que Passa”, seis meses depois de o Adriano [Correia de Oliveira] sair com o original. Eu já tinha conhecido o Adriano muito bem em Coimbra e fizemos a tropa juntos em Mafra e Santarém – na camarata, as nossas camas ficavam lado a lado. E foi aí que ouvi muitas dessas canções em primeira-mão». José Cid tem na cabeça um autêntico arquivo de memórias, enriquecidas por factos, números, datas e nomes que dispara em rajada. Típico de alguém que tem orgulho do que alcançou.